“Eu sou o amor puro dos amantes
que lei nenhuma pode proibir.”
Krishna
que lei nenhuma pode proibir.”
Krishna
A mitologia hindu e tântrica é uma das mais ricas e
de todo o planeta.
São tantos deuses/deusas, devas (seres equivalentes aos
anjos da tradição ocidental), semideuses e avatares (manifestação da lei divina
ou do caminho da iluminação, onde ava = manifestação; tara = lei)
que se torna impossível enumerá-los. Selecionei nesse capítulo algumas das
principais divindades.
Dentre elas, os três deuses/deusas que constituem a trindade máxima (trimurti) do
hinduísmo e do tantra ― Brahma, Vishnu e Shiva. É importante afirmar que,
embora alguns textos apresentem hierarquia entre as divindades do trimurti, não há supremacia.
Os três são
independentes e complementares.
Brahma, o Criador
Primeira
divindade do trimurti. É o deus criador, senhor de todos os seres,
descrito com quatro ou cinco cabeças. Veste-se com roupas brancas e cavalga
sobre um ganso. Uma das lendas sobre o surgimento de suas múltiplas cabeças
conta que, de sua própria “substância imaculada”, Brahma deu origem a uma
companheira. Ao contemplar a beleza sublime de sua companheira, Brahma foi
tomado por um grande amor que não conseguia deixar de olhá-la. Para que continuasse
a mirá-la, mesmo quando ela se deslocava para outros lados (direito, esquerdo,
trás e alto), Brahma deixou que novas cabeças surgissem. Por fim, Brahma
tomou-a por companheira e juntos deram origem a suras (deuses) e asuras
(demônios).
O mantra de Brahma, ou Brahma Mantra,
proporciona contentamento, saúde e longevidade. Concede também um sentimento
profundo de devoção e confiança. Deve ser entoado, no mínimo, oito vezes:
Om
Hrim Brahmaya Namah
Vishnu, o Mantenedor
Segunda
divindade do trimurti, Vishnu é a energia conservadora. Aparece em oito
encarnações ou avatares. Leva um disco na mão, mostrando que mantém o dharma,
a retidão, a justiça, a honradez e a ordem do universo. A concha simboliza a
remoção da ignorância e a música do cosmo. O lótus representa a beleza do
universo e a pureza, assim como a transformação. O veículo de Vishnu é Garuda,
o homem-águia, uma figura de grande força e poder.
O mantra
de Vishnu, ou Vishnu Gayatri Mantra, tem como efeito
principal estimular a força física do praticante. Deve ser entoado oito vezes
ao dia:
Om
Narayanaya Vidmahe Vasudevaya Dhi Mahi
Tanno Vishnu Prachodayata.
As oito manifestações de Vishnu e seus mantras
Segundo a
tradição hindu, Vishnu se manifestou em oito formas divinas. Algumas poucas
escolas acreditam que Siddharta Gautama — o Buda — seja a nona encarnação. Eu,
particularmente, não.
1a manifestação: Matsya
Matsya significa
peixe e nessa encarnação Vishnu é um peixe enorme com escamas de ouro e um
chifre. Ele avisou Manu (o “Noé” hindu) sobre o dilúvio e salvou-o num barco
preso ao seu chifre.
2a manifestação: Kurma
Vishnu,
aqui, se transforma em Kurma, a tartaruga, a fim de salvar o Monte Mandara —
que continha o leite da imortalidade — do ataque de demônios destruidores.
3a manifestação: Varaha
Quando a
Terra estava submersa sob as águas de um segundo dilúvio, Vishnu encarnou em um
javali, matando um gigante que aprisionava a Terra.
4a manifestação: Nara Simha
Vishnu
aqui é Nara Simha, meio homem, meio leão. No crepúsculo matou um demônio que
tinha invulnerabilidade durante o dia e a noite. Essa manifestação deveu-se à
necessidade de combater a idolatria do homem.
5a manifestação: Trivik Rama
Desejando
terminar a guerra entre deuses/deusas e demônios, Vishnu encarna num anão com
poderes mágicos que domina os três mundos (físico, emocional e espiritual). O
mantra que invoca Vishnu e o domínio dos três planos é: Om Trailokya Nathaya Namah.
6a manifestação: Parasu Rama
Nessa
encarnação Vishnu aparece como um sacerdote hindu. Ele matou o rei Kshatryia,
que roubou seu pai. Os filhos do rei, por sua vez, mataram seu pai, o que fez
com que Parasu Rama matasse todos os homens descendentes do rei durante 21
gerações.
7a manifestação: Rama
Rama é um
guerreiro que sai em resgate de sua esposa Sita, capturada pelo demônio Râvana.
Na batalha descrita na Epopéia Ramayama, Rama tem um fiel amigo, o
macaco Hanumam, deus da devoção.
8a
manifestação: Krishna
Krishna é
considerado a manifestação mais consciente de Vishnu. É o iluminado que traz
caminhos de paz, equilíbrio e amor na era em que vivemos (kali-yuga).
Este é o mantra de Krishna,
popularizado no Ocidente, a partir do fim dos anos 60, pelos Beatles
Hare
Rama, Hare Rama
Rama
Rama, Hare Hare
Hare Krishna, Hare Krishna
Krishna Krishna, Hare Hare.
Shiva, O
Transformador
Terceira
divindade do trimurti, Shiva é o destruidor. A morte, para os hindus e
tântricos, representa a passagem para uma nova fase ou para um novo mundo.
Shiva nos mostra que nada é permanente.
Representado
como um deus alegre que dança, ama, luta, e tem muito bem resolvido e
equilibrado os aspectos masculinos e femininos de sua alma.
Shiva
dança sobre o demônio Pamara Purusha, que representa nosso ego inflado.
Representada
por um belo homem azul, de cabelos longos, essa divindade tem em evidência,
entre os olhos, o ajnã chacra (terceiro olho).
Shiva é
conhecido por muitos nomes, como Maheswara (O Grande Deus), Ishwar
(O Glorioso), Chandrashekara (O Que Tem a Meia-Lua à Frente), Mritunjaya
(O Que Vence a Morte), Isana (O Governante), Tryambaka (O de Três
Olhos), Sri Kanta (O Que Possui Formoso Colo), Bhuteswara (O
Senhor dos Bhuts, dos Elementos da Terra), Gangadhara (O Que Leva o Rio
Ganges nos Cabelos), Sthau (O Imperecível), Mahakala (O Grande
Tempo), Girisha (O Senhor das Colinas), Digambara (O Que se Veste
Com o Espaço) e Bhagavat (O Senhor).
Sua
esposa é Shakti. Embora tenha a vida conjugal mais conturbada da mitologia
hindu, por possuir várias amantes, o amor que unia Shiva e Shakti era
absolutamente profundo. Devido a esse amor, depois da morte de Shakti os
deuses/deusas concederam nova vida a ela, que renasceu com o nome de Parvati.
Shiva é o
primeiro avatar (manifestação da lei divina ou do caminho da iluminação) que
veio à Terra e é apontado como o criador do yoga.
O mantra
de Shiva, ou Shiva Mantra, é utilizado nas práticas de yoga e
proporciona consciência, saúde longevidade e alegria com a elevação da energia
kundalinî. Para praticá-lo é necessário que se tenha muita bhava
(devoção). Deve ser entoado oito vezes ao dia e é um dos mantras mais
conhecidos do hinduísmo e do tantra:
Om Namah Shivaya.
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