Animais gastam 75% de seu tempo no subsolo, em tocas que servem como habitat e abrigo para outras espécies e podem ter até 5m de profundidade
Tatus-canastras (Priodontes maximus) são verdadeiros
"engenheiros do ecossistema", afirmam pesquisadores que descobriram que suas
tocas servem como habitat e abrigo para outras espécies.
O projeto "Tatu-Canastra", feito no Pantanal, durou dois anos, e
foi liderado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê) e pelo Royal
Zoological Society da Escócia. O estudo pretende entender mais sobre esses
animais que gastam 75% de seu tempo no subsolo em tocas escavadas por suas
garras impressionantes.
Os cientistas usaram câmeras sensíveis ao movimento, entre 2010 e
2012, e registraram 24 espécies diferentes, utilizando as "casas" dos tatus para
diversos motivos. Entre as espécies, os pesquisadores registraram mamíferos,
entre eles o javali, o puma, o quati e o jaguatirica, e aves, como a seriema, a
gralha e o mutum.
No total, outras três espécies de tatu foram registradas usando a
toca por períodos contínuos. Eles incluíram o tatu-galinha, o Cabassous
unicinctus (popularmente conhecido como tatu de rabo mole comum), e o
tatupeba. As tocas dos tatus-canastra podem ter até 5 metros de
profundidade.
Renata Leite Pitman foi a primeira pesquisadora a documentar o
papel dos tatus-canastra como engenheiros do ecossistema, na Amazônia, em
2004.
"É incrível ver como uma espécie tão reservada pode desempenhar um
papel tão importante dentro da comunidade ecológica", disse o coordenador do
projeto Arnaud Desbiez, do Royal Zoological Society da Escócia. Ele espera que a
revelação sobre o papel fundamental desses animais nos ecossistemas resulte em
uma maior proteção da especie.
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