"Uma das figuras mais intrigantes do simbolismo alquímico, presente milenarmente em diversas culturas, é a da cobra (ou dragão) que morde o próprio rabo e opera, num movimento circular e contínuo, todo o processo dinâmico e transformador da vida.
“Meu fim é meu começo”, diz a cobra nesse ato mágico de devorar-se e cuspir-se, a representar a unidade indiferenciada da vida, e seu caráter divino implícito na perfeição do círculo.
À serpente devorando a própria cauda, os alquimistas chamaram Oroboro.
Tal palavra não consta da maioria dos dicionários, e em alguns livros da Grande Obra aparece grafada como “ouroboros”, principalmente na língua inglesa; outras fontes, menos comumente, escrevem-na “uróboro”.
Prefiro, particularmente, o termo oroboro, visto não ter sido nunca tão oportuno em nossa língua nomearmos um símbolo cuja singularidade é a de não ter começo nem fim, por meio de palavra tão especial, que permite ser lida de trás para a frente sem prejuízo sequer de sua pronúncia, transmitindo ela própria a idéia de algo que se expressa ciclicamente".
(Paulo Urban, in "O Simbolismo da Serpente")
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